Ir. Maristela Ganassini, FSCJ
(Assessora da CMOVIC e do Setor Juventudes da CRB)
Ao falar da Vida Religiosa Consagrada, podemos fazer a ligação com a Trindade Santa, com os Conselhos Evangélicos e com o tripé que fundamenta a vida dos Consagradas(os): Vida de Oração, Vida Fraterna e a Missão.
“A Vida Consagrada é o anuncio daquilo que o Pai, pelo Filho no Espírito, realiza com seu amor, a sua bondade, a sua beleza.”[1] Nessa perspectiva Trinitária, emerge o grande desafio da unidade e a necessidade da oração, do testemunho e da missão das consagradas e consagrados.
As/os consagradas(os) são escolhidos por Deus, para fazer a experiência do Seu amor, sentindo-se assim atraídos e convidados por Cristo e animados pelo Espírito Santo, para “amar com todo o coração, toda a alma e com todas as forças”[2]. Seguindo Jesus pobre, casto, obediente, orante e missionário.
Quando dizemos que aqueles que se consagram a Deus através da Vida Religiosa professam sua consagração através dos Conselhos Evangélicos (Castidade, Pobreza e Obediência), é possível afirmar que estarão configurando sua vida a de Cristo.
Viver a Castidade, é viver a intimidade com Cristo, fortificando-se na Palavra de Deus e na Eucaristia, deixando-se seduzir pelo amor de Deus e pela paixão por seu Reino, com coração livre e indiviso. Sem amarras viver e testemunhar o amor de Deus entre as pessoas.
Pelo voto de Pobreza, “assumem a condição de servo[3]”, que como Ele, realizam um processo voluntário de despojamento para servir a todas as criaturas e testemunhar Deus como única “verdadeira riqueza do coração humano[4]”. Vivem um estilo de vida simples, inspirados nos “critérios evangélicos de essencialidade e hospitalidade[5]”. Assim, como os primeiros cristãos colocam seus dons e talentos em comum e a serviço da sociedade.
No Conselho Evangélico da Obediência, seguem Jesus na sua obediência de Filho: “eu faço sempre as coisas que são do agrado do Pai[6]”, dispondo-se sempre a cumprir a vontade de Deus. O referencial sempre é o Evangelho que norteia suas ações.
Com a vivência dos Conselhos Evangélicos, as religiosas/os são conclamados a ter uma Vida de Oração que sustente e fortaleça sua opção, realizados através de momentos pessoais e comunitários de oração diária. Bem como, viver fraternalmente em comunidade, pois a comunidade “é o lugar onde o amor gera alegria e esperança, é apoio e perseverança e fonte de fecundidade apostólica”[7], compartilhando sua vida, espelhando-se na Comunidade Perfeita que é a Santíssima Trindade, para assim, ser “Igreja em saída[8]” e realizar sua missão.
O Papa Francisco desafia as consagradas/os a terem “um olhar de esperança”. “A Vida consagrada é chamada a ser sinal da possibilidade de relações humanas acolhedoras, transparentes e sinceras (…) a vida consagrada, nas suas múltiplas formas de fraternidade, é plasmada pelo Espírito Santo, porque “onde está a comunidade, aí está o Espírito de Deus, e onde está o Espírito de Deus, aí está a comunidade e toda a graça.”[9]
Por fim, podemos nos valer da frase: “A vocação, como a própria fé, é um tesouro que trazemos em vasos de barro, que nunca deve ser roubado ou perder a sua beleza. A vocação é um dom que recebemos do Senhor, que fixou seu olhar sobre nós e nos amou, chamando-nos a segui-lo mediante a vida consagrada, como também uma responsabilidade para quem a recebeu”[10].
Que as Religiosas e os Religiosos Consagrados, sejam sempre um sinal visível do amor de Deus em todo lugar onde estiverem, testemunhando a alegria e a esperança do Reino!
[1] JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Vida Consagrada, n. 20
[2] Lc10,27
[3] Fil 2,7
[4] JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Vida Consagrada, n. 90
[5] Constituições das Filhas do Sagrado Coração de Jesus n.21
[6] Jo 8,29
[7] JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Vida Consagrada, n. 42
[8] Papa Francisco
[9] PRESCRUTAI, Ano da Vida Consagrada. Aos Consagrados e Consagradas a caminho nos sinais de Deus. P. 57
[10] Papa Francisco