Segundo dia da CMOVIC Ampliada debate desafios e caminhos para a formação presbiteral no Brasil

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Encontro foi marcado por aprofundamento no Documento 110 da CNBB e partilha em grupos sobre a realidade formativa nas dioceses e regionais.

Brasília, DF – O segundo dia da Reunião Ampliada da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada (CMOVIC), nesta terça-feira, foi dedicado a um profundo diagnóstico e diálogo sobre as Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil, contidas no Documento 110 da CNBB. Os participantes foram convidados a refletir sobre os avanços, desafios e os próximos passos para a atualização do texto, que orienta o itinerário formativo nos seminários de todo o país.

A jornada iniciou-se com a oração das Laudes, seguida pela acolhida do presidente da Comissão, Dom Ângelo Ademir Mezzari. A manhã contou com a participação do Padre Rafael Lopez Villasenor, das Pontifícias Obras Missionárias (POM), que recordou a dimensão missionária inerente a toda vocação. Na sequência, o Padre Waldeon Anderson de Oliveira anunciou a realização da Semana Missionária dos Seminaristas, reforçando a integração entre formação e missão.

Um processo de escuta, diálogo e discernimento

A reflexão central foi conduzida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, que apresentou o panorama atual do processo de revisão do Documento 110. Aprovado ad experimentum em 2019, o texto passa por um período de avaliação para uma futura atualização, em sintonia com a Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, do Vaticano.

Estamos em um processo de escuta, diálogo e discernimento”, afirmou Dom Ângelo, ressaltando que o objetivo é verificar como as diretrizes estão sendo aplicadas e o que necessita ser aprimorado ou incluído. Ele destacou pontos essenciais já presentes no documento, como a perspectiva sinodal, a importância da “realidade comunional” dos presbíteros, a presença feminina no processo formativo e a necessidade de uma preparação qualificada para os formadores.

O presidente da CMOVIC sublinhou que a meta das diretrizes é garantir “unidade, coerência e gradualidade na formação”, um caminho que deve ser seguido por todos os seminários, diocesanos e religiosos, a fim de construir a unidade no essencial.

Diagnóstico dos desafios e sugestões práticas

Na segunda parte da manhã, o Padre Wagner de Morais, presidente da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB), apresentou um levantamento detalhado dos desafios e sugestões colhidos em encontros com formadores e diretores espirituais de todo o Brasil.

O diagnóstico abrangeu todas as etapas formativas, desde o Serviço de Animação Vocacional até a formação permanente. Entre os desafios mencionados, destacam-se a ausência de estruturas adequadas para a pastoral vocacional, a imaturidade afetiva e as questões de saúde mental dos candidatos, a dificuldade em encontrar formadores disponíveis e a necessidade de maior integração entre o seminário e a vida da diocese.

Como sugestões, foram apontadas a importância de envolver mais as famílias e as comunidades no processo formativo, a criação de equipes multidisciplinares nos seminários, o acompanhamento personalizado dos seminaristas e a promoção de uma autêntica cultura vocacional em toda a Igreja.

Grupos de trabalho aprofundam a reflexão

Durante a tarde, os trabalhos seguiram com a divisão dos participantes em grupos. A metodologia buscou aprofundar a reflexão e colher contribuições concretas a partir da realidade de cada regional da CNBB. Os debates foram orientados por três eixos principais:

  1. A acolhida das diretrizes: Como o Documento 110 tem sido recebido e implementado nos processos formativos locais.
  2. Desafios à luz do documento: Quais as maiores dificuldades encontradas para viver o que propõem as diretrizes.
  3. Indicações para o aperfeiçoamento: Sugestões e propostas para a atualização do texto, visando uma formação cada vez mais integral e respondendo aos desafios do tempo presente.

As contribuições dos grupos serão sistematizadas pela CMOVIC e servirão como reflexões para a continuidade dos trabalhos de revisão do Documento 110, buscando formar pastores segundo o coração de Cristo para a Igreja no Brasil.

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